Crédito automóvel: modalidades, requisitos, como conseguir

Já encontraste aquele carro que não te sai da cabeça, mas não sabes como ter financiamento? O crédito automóvel pode ser a solução.

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O crédito automóvel é um dos mais utilizados pelos portugueses para comprar um carro novo ou usado, dado que tem mais vantagens relativamente aos créditos pessoais e evita a descapitalização do pagamento a pronto. Descobre algumas dicas para conseguir um crédito automóvel. 

O que é o crédito automóvel?

O crédito automóvel destina-se à compra de um automóvel, novo ou usado. É celebrado mediante um contrato entre a entidade que financia e o consumidor, que se define o montante, o prazo e a modalidade de reembolso do empréstimo. O crédito automóvel pode financiar a compra até 100% do valor do carro, o que permite comprar e usufruir de imediato do veículo novo.

O crédito automóvel é, em regra, mais vantajoso do que o crédito pessoal, na medida em que oferece taxas de juro mais vantajosas. Se o crédito for realizado por uma empresa ou por trabalhadores por conta própria, pode ser deduzido no IVA.

Que tipos de crédito automóvel existem?

É importante ponderar antecipadamente qual a modalidade de crédito automóvel mais indicada. Podes optar por contrair um crédito com ou sem reserva de propriedade, fazer um contrato de Leasing ou de Aluguer de Longa Duração.

Crédito Automóvel com ou sem Reserva de Propriedade

O crédito automóvel pode ser feito com ou sem reserva de propriedade. Em ambas, o proprietário do automóvel no decurso do contrato é o cliente. Se for com reserva, o banco pode assumir a propriedade do automóvel em caso de incumprimento do crédito, uma vez que registou na conservatória competente um direito sobre esse automóvel. Por outro lado, se for sem reserva, o banco não tem esse direito, mas pode exigir outras garantias, como, por exemplo, uma fiança.

Crédito Automóvel com Leasing

O crédito automóvel pode também tomar a forma de Leasing. Nesta modalidade, pagas uma mensalidade pelo direito à utilização de um automóvel e, no final do contrato, tens a possibilidade de ficar com ele, pagando o valor que falta até atingir o inicialmente estabelecido (valor residual). Nesta altura, e se assim o desejares, o banco transfere a propriedade da viatura para o teu nome.

Crédito Automóvel com Aluguer de Longa Duração (ALD)

O crédito automóvel com Aluguer de Longa Duração (ALD) é muito semelhante ao Leasing, com a diferença de que terás obrigatoriamente de comprar o carro no final do contrato. Nesta altura, pagas o montante residual até completar o valor do carro, e passa para o teu nome.

Quais são os requisitos para aprovar o crédito automóvel?

Como acontece em qualquer tipo de empréstimo, os bancos fazem uma análise prévia de solvabilidade antes de concederem um crédito automóvel, para terem um risco mínimo de incumprimento por parte do cliente. Estes são os principais requisitos que podem levar à aprovação do crédito.

1. Perfil de risco

Na avaliação do perfil de risco do cliente são avaliados vários fatores. Os créditos são estudados caso a caso, mas, em regra, verificam o teu histórico, quer no próprio banco, quer na Central de Responsabilidades de Crédito do Banco de Portugal, onde encontram toda a informação sobre os créditos contraídos. Em caso de incumprimentos passados ou presentes, podes ser considerado como um cliente de risco e o teu crédito automóvel pode não ser aprovado.

Contam ainda fatores como a idade, vínculo laboral, rendimentos e despesas regulares. É expectável que um cliente com contrato de trabalho efetivo tenha melhores condições para cumprir as condições de um crédito do que alguém com uma situação de trabalho precária.

2. Taxa de esforço

A taxa de esforço é sempre calculada pelas entidades financeiras para avaliar o peso que as prestações têm no teu rendimento. Assim, é possível perceber se terás capacidade financeira para assumir o compromisso do crédito automóvel ou se, por outro lado ficarás sobre-endividado. Para calculares a tua taxa de esforço, verifica o peso dos teus encargos fixos totais (financeiros e não financeiros) sobre os rendimentos globais do teu agregado familiar.

Por norma, as taxas de esforço aceites variam entre os 40% e os 50%, mas poderá também ser outra diferente pois é um critério não formalmente estabelecido.

3. Património

Para além de avaliar os rendimentos, os bancos também consideram os bens. Assim, conseguem perceber se terás algum imóvel que possa ser usado como eventual garantia hipotecária. Este critério é mais utilizado para os créditos habitação, mas pode ser também considerado no crédito automóvel. No fundo, trata-se de uma garantia adicional que te atribui uma credibilidade acrescida, uma vez que o banco não perderá o montante financiado caso entres em incumprimento.

4. Capacidade de gestão

Os bancos também avaliam a tua capacidade de adaptação financeira a alterações económicas, como uma redução salarial ou uma situação de desemprego involuntário. A este respeito, são valorizados fatores como o cargo que ocupas na empresa, a estabilidade dessa mesma empresa, o teu nível de escolaridade e o facto de teres um fundo de emergência. Tudo isto constituem sinais de que poderás ter uma boa agilidade financeira para te defenderes de eventuais imprevistos.

5. Relação com o banco

Por último, também é importante a relação que já estabeleceste com o banco. Se contratares um crédito automóvel junto do banco onde já és cliente, isso poderá ser uma vantagem se tiveres um bom histórico de relação. O banco já te conhece, e pode ainda oferecer vantagens exclusivas para te manter como cliente.

É possível obter um crédito automóvel no stand?

Quando encontras o teu carro de sonho num stand automóvel, tens ainda a possibilidade de fazer um crédito no próprio stand, ao invés de recorrer diretamente ao banco ou a outra entidade financeira. Neste caso, o stand é um intermediário de crédito, o que significa que não pode conceder o crédito por ele próprio, nem pode receber depósitos, mas apenas trata do processo junto do banco. Dito doutro modo, os intermediários de crédito apoiam o cliente, apresentam propostas de crédito e colaboram em atos preparatórios.

Se optares por esta solução, deves ter os seguintes cuidados:

  • Verifica se a entidade está autorizada a intermediar o crédito. Podes consultar a lista de entidades que estão devidamente registadas no site do Cliente Bancário do Banco de Portugal.
  • Confirma se tens de pagar pelo serviço de intermediação de crédito. Os intermediários de crédito que estão vinculados a uma instituição bancária não podem cobrar qualquer remuneração, uma vez que já recebem da entidade à qual estão vinculados. Quando o intermediário de crédito não tem qualquer vínculo, terás de pagar um valor adicional pelo serviço.
  • Garante que tens todas as informações antes de tomares uma decisão. O intermediário de crédito tem de te dar, gratuitamente, a FIN (ficha normalizada de crédito), onde constam as principais caraterísticas do crédito automóvel, e toda a informação pré-contratual.

3 dicas para negociar um crédito automóvel

Quando encontrares o crédito automóvel que te pareça mais vantajoso, podes ainda tentar negociar alguns fatores.

1. Período de Carência

Durante o período de carência, pagarás apenas os juros, o que significa que a prestação mensal é reduzida durante esse tempo. A desvantagem é que vais precisar de mais tempo para pagar o empréstimo automóvel, mas se precisares de aliviar temporariamente o peso do pagamento, esta poderá ser uma condição a negociar.

2. Alargamento do Prazo de Pagamento

Como o próprio nome indica, poderás alargar o prazo de pagamento. Atualmente, os créditos automóveis podem estender-se até 120 meses dependendo da idade da viatura. Contudo, tem em atenção que quanto mais tempo demorares a pagar o crédito, mais caro ele fica, pois vais pagar mais juros.

3. Negociação de Spread

Dado que o Spread é margem de lucro que as instituições bancárias têm quando concedem créditos, é uma das parcelas que não dependem de fatores externos e, por isso, poderá haver margem para negociação para as taxas variáveis. Compara os Spreads das outras entidades financeiras e, se achares que está alto, podes sempre tentar negociá-lo, especialmente se tens um historial de crédito “limpo”. Reduzir o Spread resulta não só na descida da prestação mensal como também do custo global do crédito automóvel.

Sabendo agora o que os bancos avaliam antes de conceder um crédito automóvel, poderás fazer uma autoanálise e confirmar se terás um perfil de risco ou se, pelo contrário, terás boas probabilidades de ver o teu crédito automóvel aprovado. Tenta negociar alguns fatores para obter as melhores condições possíveis para ti. Pesquisa, compara e pondera para fechares um bom negócio.

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