Preço dos combustíveis: sabes como é calculado?
O preço dos combustíveis pode parecer uma montanha-russa. Descobre o que estás mesmo a pagar quando abasteces o teu carro.
São muitos os culpados apontados – a crise, a pandemia, os impostos, a guerra – mas as variações de preço nem sempre os parecem refletir. Na verdade, o custo do petróleo é apenas uma parte do que se paga ao encher o depósito. Desde a extração até ao posto de abastecimento, o combustível faz uma longa viagem. Desfaz o mistério e descobre como se calcula o preço dos combustíveis.
Como se calcula o preço dos combustíveis?
Da cotação de um barril de Brent ao câmbio entre euro e dólar, são vários os fatores que influenciam o cálculo de preços de combustível.
1. Cotação internacional
Este é o primeiro e principal fator que determina o preço dos combustíveis. Trata-se do valor do petróleo que tem cotações próprias, monitorizadas diariamente pela Entidade Nacional para o Setor Energético (ENSE), e que usa o barril de petróleo Brent como referência europeia.
2. Cotação do Dólar face ao Euro
As taxas de câmbio também interferem no valor final que pagas de combustível. Dado que as cotações são definidas em dólares, o resultado anda a reboque da conversão da moeda. Isto significa que, quando o dólar vale mais do que o euro, abasteces menos combustível com o mesmo dinheiro, e vice-versa.
3. Frete, logística e reservas estratégicas
O caminho que o combustível faz desde a petrolífera até aos postos de abastecimento envolve sempre custos de transporte. Além disso, os postos são obrigados a manter reservas de segurança, controladas pela Entidade Nacional para o Setor Energético (ENSE), o que implica encargos com a sua gestão e o armazenamento – e também estes são passados aos consumidores.
4. Incorporação de biocombustíveis
O Estado obriga a que o gasóleo e a gasolina sejam reforçados com biocombustíveis, na sequência da missão em reduzir a emissão de gases com efeito de estufa. Este facto encarece o produto. A quantidade de biocombustíveis que deve ser incorporada é definida anualmente pelo Estado, de acordo com as metas da União Europeia.
5. Impostos
São vários os impostos que recaem sobre os combustíveis, e que interferem no preço final para o consumidor. Em primeiro lugar, existe o Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP), que consiste numa taxa determinada por portaria que tem como objetivo incentivar a utilização de combustíveis menos poluentes. De seguida, é considerada a Taxa de Carbono, uma das medidas da Fiscalidade Verde da Agência Portuguesa do Ambiente, aplicada sobre as emissões de CO2 de alguns produtos energéticos. Por fim, entra para o cálculo o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), aplicado a todas as parcelas que constituem o valor final do combustível.
Ao todo, as taxas e impostos representam uma das maiores fatias do custo de um litro de combustível: segundo os relatórios da ERSE, quase 65% do preço do litro da gasolina 95, 59% no caso do gasóleo e 42% do GPL. Com estas percentagens, Portugal é um dos países europeus onde o preço dos combustíveis é mais influenciado por impostos e taxas.
6. Margem de lucro
A margem de lucro comercial também entra nesta equação. Pesadas as despesas e os impostos sobre o petróleo, cada distribuidor tem de extrair para si próprio uma margem, sendo que este valor não é fixo e depende de cada empresa. Isto explica porque os postos de abastecimento low-cost apresentam preços inferiores. É possível verificar, através dos dados divulgados pela Entidade Nacional para o Setor Energético (ENSE), que algumas margens de lucro podem atingir os 15%.
9 formas de poupar no combustível
Existem algumas formas de poupar no combustível que têm um enorme impacto nas despesas no final do mês. Uma das principais é manter uma condução eficiente, mas há muitas outras.
1. Manter a velocidade constante
É certo que uma rápida aceleração pode fazer subir a adrenalina, mas também baixa rapidamente o nível de combustível no depósito. Assim, para teres uma condução mais económica, imagina que tens uma chávena de café em cima do capot, acelera com suavidade e evita travagens bruscas. Onde a estrada e o trânsito permitirem, tenta manter a velocidade constante.
2. Usar as mudanças corretamente
Evita circular em rotações muito altas. Em regra, nos carros a gasolina, deves engrenar a próxima mudança às 2500 rpm e, nos veículos a gasóleo, às 2000 rpm. Quanto maior a rotação do motor, maior o consumo de combustível.
3. Travar sem travões
Os veículos podem abrandar sem recorrer aos travões. Se conseguires antever, em condução defensiva, que o trânsito vai abrandar, ou que se aproxima um STOP ou um sinal vermelho, podes apenas retirar o pé do
acelerador com antecedência.
4. Desligar o motor quando parado
Se estiveres parado durante mais de 1 minuto, desliga o motor (a não ser que estejas parado no trânsito). Caso contrário, estarás a gastar combustível sem te deslocares, e a enviar dióxido de carbono para a atmosfera desnecessariamente.
5. Controlar a pressão dos pneus
Conduzir um veículo com os pneus despressurizados aumenta o consumo de combustível – em alguns casos, até 4%. Além disso, pode também reduzir a vida útil dos pneus. Assim, verifica qual o nível de pressão ideal para os pneus do teu veículo e faz o controlo todos os meses.
6. Transportar o essencial
Quanto menos peso o teu veículo carregar, menos combustível vai usar. A menos que precises de deslocar a carga, guarda-a fora do carro. Assim, se tens o hábito de guardar tudo e qualquer coisa no porta-bagagens, pensa duas vezes.
7. Usar o ar condicionado com moderação
O ar condicionado é um dos fatores que mais aumenta o consumo de combustível e que força o motor. Antes de o ligares, verifica se o simples facto de abrir as janelas já permite uma ventilação suficiente para refrescar o ambiente. Além disso, se conseguires estacionar à sombra, o ar condicionado não vai precisar de tanto esforço para climatizar o interior.
8. Planear a rota
Antes de fazeres a tua deslocação, decide onde vais abastecer para conseguir um bom preço no posto de abastecimento. Assim, evitas escolher uma bomba por necessidade, que pode cobrar valores mais elevados. Para
além disso, recorre a aplicações para saber, em tempo real, o melhor percurso a tomar, considerando o trânsito, o estado do tempo, obras na estrada, entre outros fatores.
Com esta informação, já sabes o que realmente estás a pagar em cada litro de combustível. É certo que não podemos controlar a maior parte dos fatores envolvidos no preço, mas existem outros estão nas nossas mãos. Assim, não deixes de incorporar estes pequenos hábitos no teu dia a dia para que as despesas com o combustível fiquem mais leves.