Caixa CVT: o que é e como funciona?

Apreciada por uns e criticada por outros, a caixa CVT continua a dividir opiniões. Descobre como funciona, vantagens, desvantagens e se cumpre tudo o que promete.

caixa cvt

Imaginada por Leonardo da Vinci há mais de 500 anos, a tecnologia por detrás das caixas automáticas CVT não para de evoluir. Mas o que torna a caixa CTV tão especial? Será que cumpre mesmo o que promete? E em que carros a podes encontrar? Damos de seguida resposta a esta e muitas outras perguntas.

O que é a caixa CVT?

A caixa CVT (sigla para Continuously Variable Transmission) é um tipo de transmissão automática que, ao contrário das transmissões tradicionais, não utiliza engrenagens fixas para mudar de velocidade. Em vez disso, funciona com um sistema de polias e correias ajustáveis, permitindo uma variação contínua das relações de transmissão. Isso significa que o motor pode funcionar sempre na sua faixa de potência ideal, independentemente da velocidade do carro.

Embora possa parecer uma tecnologia atual, a sua história é surpreendentemente longa. O conceito inicial surgiu em 1490, desenhado por Leonardo Da Vinci. Contudo, foi apenas em 1886 que a tecnologia recebeu a sua primeira patente, atribuída aos pioneiros Daimler e Benz. A primeira aplicação notável ocorreu em 1910, quando a Zenit, uma marca de motociclos, produziu um modelo equipado com CVT. Era tão eficaz em subidas que acabou por ser excluído de competições por “desnivelar” a concorrência.

Já nos anos 1980, a CVT começou a tornar-se acessível aos consumidores graças à aposta da Subaru, que popularizou esta tecnologia nos automóveis. Hoje, praticamente todos os fabricantes têm pelo menos um modelo com CVT.

Como funciona a caixa CVT?

O funcionamento da caixa CVT assenta num princípio bastante engenhoso e simples. A ideia base é eliminar as engrenagens fixas e criar uma transição contínua entre as diferentes relações de transmissão. Como isso acontece?

O coração da caixa CVT é composto por duas polias de formato cónico, ligadas por uma correia ou corrente de transmissão. Estas polias estão posicionadas de forma que uma esteja ligada ao motor (polia motora) e a outra às rodas (polia conduzida). Quando o diâmetro de uma polia aumenta, o diâmetro da outra diminui, alterando assim a relação de transmissão sem necessidade de engrenagens fixas. Este movimento é controlado por um sistema hidráulico ou eletrónico, que responde às necessidades do condutor em tempo real.

Por exemplo, ao arrancar o carro, a polia conectada ao motor reduz o seu diâmetro enquanto a polia conectada às rodas o aumenta. Isso cria uma relação de transmissão baixa, ideal para ganhar velocidade. À medida que o carro acelera, as polias ajustam-se gradualmente, proporcionando uma transição fluida para uma relação de transmissão mais elevada. Este mecanismo é contínuo, o que significa que não há “solavancos” ou interrupções como nas trocas de marcha das transmissões tradicionais.

Outra componente essencial na CVT é o sistema de controlo eletrónico, que supervisiona o desempenho do motor e ajusta automaticamente as polias para otimizar a condução. Esse controlo garante que a caixa CVT funcione de forma eficiente, independentemente da velocidade, inclinação da estrada ou carga do veículo.

Este design faz com que o motor emita um som constante, o que pode parecer pouco natural para quem está habituado a uma caixa manual ou automática convencional. Mesmo assim, a simplicidade do funcionamento da caixa CVT continua a ser um dos seus maiores trunfos.

Vantagens da caixa CVT

O que distingue a caixa CVT é a sua capacidade de ajustar continuamente a relação de transmissão. Esta capacidade traz vários benefícios tangíveis na condução diária.

Eficiência de combustível

Primeiro, destaca-se a eficiência de combustível. Como mantém o motor a trabalhar na sua faixa ideal de rotações, o consumo de combustível pode ser bastante mais baixo, especialmente em condução urbana e situações de trânsito constante.

Condução suave e sem trocas de marcha

Outra vantagem é a suavidade na condução. Uma caixa CVT elimina os solavancos associados às trocas de marcha das caixas manuais e automáticas convencionais. A experiência de condução é mais confortável, especialmente em situações de trânsito intenso ou em viagens longas, onde a constância é valorizada.

Desempenho

Adicionalmente, a CVT tem um ótimo desempenho em terrenos planos ou em velocidades constantes em autoestrada – o motor mantém-se mais estável e eficiente.

Desvantagens da caixa CVT

Apesar das vantagens, nem tudo é perfeito. Um dos principais pontos negativos é a fiabilidade e durabilidade. As caixas CVT podem desgastar-se mais rapidamente, sobretudo quando os carros já são antigos ou não têm a manutenção em dia. A correia ou corrente de transmissão, por exemplo, é uma componente que pode falhar com o tempo, e precisar de ser substituída.

Outro aspeto a considerar é o custo de manutenção e reparação. Como a caixa CVT utiliza componentes específicos, a sua reparação tende a ser mais cara do que as caixas automáticas ou manuais tradicionais. Além disso, nem todas as oficinas estão familiarizadas com esta tecnologia, o que pode limitar as opções de assistência.

A caixa CVT também não agrada a todos os condutores devido à sensação de condução pouco intuitiva. O som constante do motor pode parecer estranho e até desconfortável para quem está habituado às mudanças percetíveis das transmissões tradicionais.

Outra limitação da caixa CVT é não ser adequada para condições mais exigentes, como conduzir em terrenos montanhosos ou rebocar cargas pesadas. Nestas situações, a transmissão pode não conseguir proporcionar a potência necessária de forma eficiente. Pode ser menos confiável e sobrecarregar o sistema.

Deixamos de seguida uma tabela para sintetizar os aspetos positivos e negativos e ajudar-te a fazer uma melhor escolha.

Tipo de TransmissãoVantagensDesvantagens
Caixa CVTEficiência
e suavidade
Sensação de condução diferente
Automática ConvencionalConforto e facilidadeConsome mais combustível
ManualMaior controlo e ligação
com o veículo
Menos prática
em trânsito intenso
Dupla Embraiagem (DCT)Mudanças rápidas e eficiência em alta performanceComplexidade
e custo elevado

Modelos de carros com caixa CVT

Praticamente todas as marcas têm um ou mais modelos de carros com caixa CTV. Deixamos de seguida os nossos destaques.

Opel Astra: simples e eficaz

O Opel Astra usado com CVT já ganhou a reputação de ser eficiente e confortável para as necessidades diárias. Vem equipado com caixa CTV e poderás contar com uma condução sem percalços, na cidade ou numa escapadinha de fim de semana.

No interior, também não deixa a desejar. Com tecnologia avançada e um design que prioriza a praticidade, tudo está facilmente ao alcance e pensado para tornar cada viagem simples e prazerosa. Em suma, é o tipo de carro que rapidamente se torna um aliado indispensável.

Volkswagen Golf: potente e charmoso

O Volkswagen Golf usado com caixa CTV é sinónimo de performance, graças a um motor que responde sem hesitar e a uma transmissão automática moderna que coloca o condutor no comando.

O design exterior tem linhas afiadas e detalhes desportivos que não passam despercebidos. O habitáculo tem acabamentos premium, bancos confortáveis e tecnologia que transforma cada viagem numa experiência divertida e conectada. Em suma, um convite para aproveitar cada quilómetro.

Nissan Qashqai: estável e robusto

O Nissan Qashqai CTV usado é o SUV que entende bem o ritmo da cidade e domina o ambiente urbano. Equipado com uma transmissão automática eficiente e uma motorização híbrida, este modelo oferece o melhor dos dois mundos: potência quando precisas e economia para todos os dias.

Também o design é levado muito a sério: arrojado, elegante e robusto. Quem não abdica de comodidade e funcionalidade vai ficar convencido ao entrar no habitáculo. Desde os bancos confortáveis até aos sistemas de segurança e entretenimento, tudo está alinhado para que os condutores mais exigentes se sintam em casa.

Mercedes-Benz Classe C: luxo e performance

Para quem quer luxo e desempenho num só pacote, o Mercedes-Benz Classe C usado com caixa CTV é um forte candidato. Este sedan premium alia uma transmissão automática de alta qualidade com motores que entregam potência de sobra. É o tipo de carro que transmite estilo e sofisticação.

O interior é pura indulgência: bancos confortáveis, materiais nobres e tecnologia de ponta, tudo pensado para criar uma experiência de condução incomparável. O Classe C faz jus à reputação da marca e redefine o conceito de conforto ao volante.

Sinais de problemas numa caixa CVT

Se já tens um carro com caixa CVT, está atento a estes sinais para prevenir problemas.

1. Trocas de marcha lentas

Se o carro demorar vários segundos a trocar entre posições como “P” (parque), “D” (condução) e “R” (marcha-atrás), pode ser um indício de avaria iminente.

2. Ruídos estranhos

As caixas CVT tendem a ser mais ruidosas do que as transmissões automáticas ou manuais, mas esse som não deve ser exagerado. Se ouvires ruídos agudos constantes durante a aceleração, pode ser um sinal de desgaste ou defeito.

3. Deslizes na aceleração

A mudança de velocidade numa CVT deve ser contínua e uniforme. Caso te pareça que há perdas momentâneas de potência ou falhas ao acelerar, isso é um sinal claro de problema na transmissão. 

4. Movimentos bruscos ao trocar de marcha

Uma das características principais de uma CVT é a suavidade. Qualquer tipo de movimento brusco durante a condução é algo que deve levantar suspeitas.

5. Flutuações de rotações

As rotações do motor numa CVT devem manter-se estáveis, especialmente em velocidades constantes. Se notares oscilações inexplicáveis no conta-rotações enquanto conduzes normalmente, pode haver algum problema mecânico ou eletrónico. 

6. Fluido de transmissão contaminado

Um fluido sujo ou com cheiro queimado pode indicar falhas graves na caixa CVT ou falta de manutenção adequada, o que compromete a sua durabilidade. 

Caixa CVT: manutenção e cuidados

Manter uma caixa CVT em bom estado é essencial para garantir a sua longevidade e desempenho. Estes são os passos fundamentais.

1. Verifica o fluido da CVT regularmente.

O fluido da transmissão é o elemento vital de uma CVT, responsável por lubrificar os componentes, controlar a temperatura e garantir o funcionamento eficiente do sistema. A maioria dos fabricantes recomenda verificar o nível e a condição do fluido a cada 10.000 a 20.000 quilómetros. 

O que fazer: Consulta o manual do veículo para localizar a vareta de medição do fluido da transmissão. Retira-a, limpa-a e insere-a novamente para verificar o nível. O fluido deve ser limpo e transparente, geralmente com uma cor avermelhada. Se o fluido estiver escuro, espesso ou com um cheiro queimado, é sinal de que precisa de ser substituído. 

2. Troca o fluido da caixa CVT nos intervalos recomendados

A contrário do que acontece com as transmissões manuais ou automáticas convencionais, a CVT utiliza um fluido específico, desenvolvido para suportar as altas pressões do sistema. A troca deve ser feita de acordo com as indicações do fabricante, geralmente entre 40.000 e 60.000 quilómetros. Isto porque, com o tempo, o fluido vai perdendo as suas propriedades e pode desgastar prematuramente as polias e correias. 

O que fazer: É altamente recomendável que esta manutenção seja feita numa oficina especializada, pois a utilização do fluido errado pode danificar a caixa. 

3. Conduz de forma estável  

Uma condução agressiva tende a desgastar os componentes da CVT. Evita acelerações bruscas, travagens repentinas e sobrecarga do motor em subidas íngremes ou com reboques pesados. A correia da CVT é altamente resistente, mas não foi projetada para suportar picos súbitos de esforço. 

O que fazer: Usa o modo manual (se disponível) em situações de maior esforço, como subidas, para reduzir o stress no sistema. 

4. Presta atenção aos sinais de problemas

A caixa CVT pode dar sinais de que algo está errado antes de ocorrer uma falha completa.

  • Ruídos estranhos: Sons de zumbido, rangido ou vibração anormal durante a condução podem indicar desgaste na correia ou nas polias. 
  • Desempenho irregular: Se notares que o carro não responde mesmo quando aceleras, ou se tem dificuldade em manter uma velocidade constante, é hora de procurar um mecânico. 
  • Luz de aviso no painel: Muitos veículos com CVT têm sensores que detetam problemas. Se uma luz de transmissão acender, leva o carro imediatamente a uma oficina. 

5. Mantém o sistema de arrefecimento em bom estado

A caixa CVT pode sobreaquecer, especialmente durante viagens longas ou em tráfego intenso. Para evitar avarias, é essencial garantir que o sistema de arrefecimento do motor, que também serve a transmissão, esteja a funcionar corretamente. 

O que fazer: Verifica o nível do líquido de arrefecimento, ventoinha do radiador e eventuais obstruções no radiador – a cada revisão geral ou antes de viagens longas. 

6. Garante que a manutenção está em dia 

As caixas CVT requerem revisões regulares, muitas vezes realizadas em paralelo com a manutenção do motor. É preciso fazer a inspeção das polias, correia, fluido e sistema de controlo eletrónico.

O que fazer: Em regra, as revisões devem ser realizadas todos os anos ou a cada 20.000 quilómetros.

Caixa CVT: vale a pena?

A caixa CVT pode ser uma boa opção para quem procura eficiência, conforto e simplicidade na condução. Se grande parte das tuas deslocações ocorre em áreas urbanas, com trânsito denso e velocidades variáveis, a CVT pode ser vantajosa – sem solavancos de mudanças de marcha e com uma resposta ajustada às condições do trânsito.

Além disso, a CVT é excelente para condutores que preferem uma experiência de condução descontraída e que não se preocupam com a “sensação” mecânica de mudanças de marcha, típica das caixas manuais ou automáticas tradicionais.

Por outro lado, se aprecias condução mais desportiva e envolvente, a caixa CVT pode não ser a melhor escolha. Muitos condutores referem que a falta de “mudanças percetíveis” pode retirar alguma da emoção da condução, especialmente em estradas sinuosas ou ao realizar acelerações rápidas. 

Sem esquecer que a condução em terrenos montanhosos ou com reboque de cargas pesadas não é a situação ideal para este tipo de caixa. Nem todas estão preparadas para suportar níveis elevados de esforço sem comprometer a durabilidade. 

Esta tabela resume os prós e contras da caixa CVT. E, claro, nada como experimentar cada uma para perceber qual é a mais adequada ao teu estilo de condução. 

CritérioCaixa CVT:
quando vale a pena?
Caixa CVT:
quando pode não ser ideal?
Tipo de conduçãoCondução urbana, com
paragens e arranques frequentes
Condução desportiva ou
em estradas sinuosas
Eficiência de combustívelPrioridade máxima,
especialmente em viagens longas
Menos relevante, ou em situações de condução muito exigente
Sensação de conduçãoPrefere uma experiência
suave e confortável
Gosta de sentir as mudanças de marcha e maior controlo manual
Tipo de utilização do carroDeslocações regulares e
viagens em autoestrada
Rebocar cargas ou condução
em terrenos acidentados
Manutenção e custosEstá disposto a seguir uma manutenção rigorosaPrefere custos de
manutenção mais baixos
Custo de reparaçãoAceita custos mais elevados
em troca de maior eficiência
Prefere reparações
simples e económicas

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